Dá Deus nozes

Dá Deus nozes

A quem não tem dentes

Dizem vozes frequentes

Mas se desse a todos nozes

Seriam bem mais as vozes

A verberar a fartura

Pois é na vida mais dura

Que apreciamos o valor

Do trabalho e do suor

Então não contes o bem

Que Deus aos teus irmãos deu

Deus deu-te o que te convém

Só o teu esforço é teu

Marcos

Julho 2012

Veneno e Antídoto

O egoísmo é um estranho licor

Quanto mais se bebe

Maior é a dor

Quanto mais se bebe

Maior é a sede

De quem o recebe

Já a caridade

Nutre de amor

Traz saciedade

Quem a dá percebe

Que se muito dá

Muito mais recebe

Utopia? Não!

É a Lei da Vida

Que é de União

Agosto 2012

A Flor Silvestre

Disse a flor exótica à flor silvestre:

Que pouca sorte tiveste

Eu airosa, em exposição

E tu, esquecida, aí no chão

Respondeu alegremente a flor silvestre:

Sou feliz no solo agreste

Provo sol, chuva e geada

Admiro em vez de ser admirada

Não é de lamentar o ser-se pequenino

Não é acaso ou capricho do destino

Quem estagia na via da simplicidade

É feliz por gozar de mais liberdade

Crespo

Setembro 2012

Perseverança

No decurso do dia, quantas oportunidades perdidas, quantas portas estreitas trocadas pela facilidade da reacção primária. Acima de tudo, aceitai as vossas limitações. Se os desafios vos pesarem, é que há em vós a vontade de os superar, e o incómodo de quem entrou pela porta errada é já prenúncio do desafio ultrapassado. Culpa, jamais. Perseverança, sempre.

E sempre convosco,

Antero e Amigos


Outubro 2012

'Superiores' e 'Inferiores'

Fui Rei na Terra
Um Rei menos mau
Mas Rei também erra
Ponde-vos a pau

Há aqui muito Rei
Na Terra mendigo
Em quem eu mandei
E agora lhe mendigo

Por um bom conselho
Sábio e amoroso
Se bem me aconselho
Não sou orgulhoso

Se és 'superior'
Não te creias mais
Se és 'inferior'
És como os demais

Novembro de 2012

O Céptico

Dormir Bem

Em noite chuvosa e fria

Dois homens chegam à hospedaria

Um era rico e amava o esplendor

O outro era pobre, um trabalhador

Deram-lhes duas camas, iguais

Outras não havia nem pagando mais

O rico lamentou noite mal dormida

O outro repousou, feliz da vida

A insatisfação e a satisfação

Dependem do excesso ou da gratidão

Aos imprudentes a ambição cega

A outros mais sábios o que é bom lhes chega

Novembro de 2012

Ouro Espiritual

 

 

São sábias as palavras dos que dizem que não desfrutamos do que obtivemos sem esforço. Teremos dado um grande passo quando aplicarmos essa máxima às aquisições espirituais. Até lá, estaremos sentados sobre uma mina de ouro, sem o sabermos. Porque a riqueza material passa, mas a do Espírito é eterna.

Eduardo

Dezembro de 2012

As Belas Sestas

 

O senhor *

Se pode dormir a sesta

Com a barriguinha cheia

P'ra ele é dia de festa

 

Chega ao mundo espiritual

Pela porta das traseiras

P'ra rever o pessoal

E p'ra fugir às canseiras

 

E é uma trabalheira

Para o mandarmos embora

Mas queira ele ou não queira

Tem que sair porta fora

 

Depois acorda saudoso

Com tristeza indefinida

Vai trabalhar, preguiçoso

Que ainda estás nessa vida!

 

Augusto

 

Agosto de 2012

* - nome do médium

Recado do Outro Lado

Não chores por quem partiu

Porque a morte não existe

Assim quem chora sou eu

Por te ver assim tão triste

João Paulo

 

Agosto de 2012

Homens Invisíveis *

 

 

P'la rua lá ia

Só e aos tropeções

A alma vazia

E o corpo em grilhões
 

Não houve vivalma

Em que tropeçasse

Nem boa alma

Que o ajudasse
 

Não que o não vissem

Que ele era encarnado

Mas por pressentissem

Carecer cuidado
 

Mas vinham com a boca

Cheia de orações

E com a alma oca

Pobres corações...
 

Outros, ilustrados

Nas coisas do mundo

Não esbanjam cuidados

Com um vagabundo
 

E enquanto Igrejas

E instituições

Esgrimem pelejas

Entre multidões
 

Passa um homem bom

Que lhe estende a mão

Sem ser por bom tom

Ou obrigação
 

Uma gota de água

No grande oceano

Lava toda a mágoa

E apaga o engano
 

 

Dezº 2012, sem assinatura